Política
Mais inclusão no Legislativo
Câmara de Pelotas passa a contar com intérpretes de Libras em todas as atividades
A partir de agora, todas as sessões ordinárias e audiências públicas da Câmara de Vereadores de Pelotas contarão com serviço de intérpretes de Libras. Para isso, a Casa assinou contrato com três profissionais que já começaram a trabalhar. O próximo passo é oferecer um curso de capacitação para todos os servidores do Legislativo e para um assessor de cada gabinete com a intenção que todos tenham a oportunidade de ter contato com a linguagem dos sinais.
A contratação de intérpretes era uma demanda antiga da Câmara, já que estava há mais de uma década sem o serviço de forma efetiva, apenas por meio de contratação em situações específicas. "Sempre foi um grande desejo e agora as nossas atividades serão ainda mais democráticas", diz o presidente da Casa, Marcos Ferreira, o Marcola (sem partido). O vereador salienta que a contratação representa mais acessibilidade e faz parte de um compromisso com a sociedade. "Os intérpretes são importantes para termos mais inclusão e participação."
As novas servidoras passaram por processo seletivo simplificado, resultado de uma parceria entre o Legislativo e a Associação Pampeana dos Tradutores e Intérpretes e Guia-intérpretes de Libras. Natiele Francos é uma das profissionais escolhidas. Envolvida com a comunidade surda há nove anos, ela tornou-se intérprete depois de um curso de capacitação feito em 2017. "Comecei no Alfredo Dub como monitora, quando eu estudava Pedagogia, e depois me tornei professora da escola", conta.
Ela relembra que por diversas vezes foi até a Câmara como contratada para audiências específicas e que também acompanhou alunos até o plenário quando o serviço de inclusão não existia. "Nós vínhamos aqui para algum evento e às vezes não tinha intérprete. Por vezes, os professores que sabiam Libras faziam a tradução porque chegava e não tinha." Para ela, a novidade representa uma conquista para toda a comunidade surda. "Se hoje a gente está aqui é por causa da luta da comunidade surda. E quando eu falo comunidade surda eu me refiro à escola, aos pais de surdos, surdos e nós intérpretes", comemora.
Maior participação
Outra profissional que passará a dar acessibilidade à comunidade surda nas discussões políticas é Alexandra Carvalho, que trabalha na área desde 2011. A intérprete explica que depois que começou a trabalhar com surdos na UFPel conseguiu se aproximar mais da comunidade e entender as principais demandas. "A gente percebe que isso realmente está preenchendo uma necessidade importante porque eles ficavam privados até de ter uma participação maior na sociedade pela função da limitação linguística. Isso não vai existir mais a partir de agora."
Jean Michel é surdo e esteve na primeira sessão com intérpretes. Para ele, as sessões e audiências se tornarem acessíveis é uma vitória. "Entendemos que os intérpretes que estão aqui não são presentes dos vereadores para nós. Isso é uma conquista nossa, algo que nós conseguimos através do nosso trabalho árduo", aponta, agradecendo à escola Alfredo Dub e associações que representam a comunidade surda.
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